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Liberal Arts: Josh Radnor e sua contínua busca pelo amadurecimento


Josh Radnor é um daqueles caras que são muito bons no que fazem, mas parecem que só fazem sobre um tema. Se você conhece "How I Met Your Mother", você vai notar similaridades com a trama/personagem principal de "Tudo Acontece em Nova York" (o título em português para "Happythankyoumoreplease", primeiro filme dirigido e escrito por Radnor) e se você conhece os dois, vai notar similaridades com "Liberal Arts", o mais novo filme dirigido e escrito por ele.

O filme conta a história de Jesse Fisher (Radnor), que ao retornar à sua antiga faculdade para o jantar de aposentadoria de seu professor (Richard Jenkins) conhece a caloura Elizabeth (Elizabeth Olsen, a irmã menos conhecida/em ascensão das gêmeas Olsen) e a partir daí começam a ter uma relação através de cartas e passam a se conhecer melhor a partir daí.


O principal problema de Radnor na direção/roteiro é o excesso de personagens e sub-tramas ao longo do filme, que acaba passando rapidamente sem resolvê-las, ou dando uma resolução meia-boca. Ao longo do filme, vemos Jesse interagindo, iniciando e continuando relações com muitos personagens. Temos Peter (Jenkins), professor de Jesse prestes a se aposentar. Elizabeth (Olsen), o suposto interesse romântico de Jesse. Nat (Zac Efron), que até agora eu não faço a mínima ideia do que ele estava fazendo ali, entre outras sub-tramas condensadas em apenas 97 minutos de filme (sim, estou chamando isso de pouco tempo). O filme parece não ter espaço para deixar os personagens interagirem mais e fazer mudanças mais fortes à personagem principal e parece que não há a coragem de tirar o excesso. Um exemplo disso é a conclusão da sub-trama Jesse/Dean (John Magaro), que ganhou pouco tempo para termos alguma opinião sobre o personagem e acaba gerando uma resolução que beira o que seria o extremo levando em conta os seus 5 minutos de trama. A sub-trama citada anteriormente poderia ser muito melhor do que foi se tivesse ganho um pouco mais de foco, ao invés do falho alívio cômico que é a participação de Zac Efron e seu hippie semi-universitário.


O que Ted de "How I Met Your Mother", Sam de "Tudo Acontece em Nova York" e a personagem principal desse filme têm em comum? Além do seu intérprete, todas essas personagens sempre estão embarcando em uma jornada de amadurecimento. Esse tema já foi apresentado no primeiro filme de Radnor e continua sendo abordado nesse, mas em "Liberal Arts" vemos o seu amadurecimento como ator/roteirista/diretor. Claro que ele ainda precisa saber dosar as sub-tramas e melhorar um pouco a criação de personagens secundárias, mas na direção e na atuação é possível ver uma firmeza e confiança que fazem o filme se tornar uma experiência no mínimo agradável.

Outro ponto que merece ser comentado são os atores coadjuvantes. Richard Jenkins demonstra um carisma e química impressionantes com Radnor, fazendo com que as cenas entre os dois sejam de longe as melhores partes do longa. Elizabeth Olsen está bem como o par de Jesse, mas falta alguma coisa entre os dois que poderia ter sido resolvida no roteiro (mais uma vez eu volto a culpar a estrutura confusa e fraca do roteiro). Zac Efron beira o ridículo com seu Nat, que como alívio cômico não funciona e muito menos como a voz da sabedoria para Jesse (o que leva a uma cena incrivelmente constrangedora onde Efron faz mais gestos e sons exagerados do que na sua época de High School Musical). As outras personagens só servem para ser comentadas como "pontas interessantes", como no caso de Alisson Janney e John Magaro. Aqui, eles são apenas competentes, sem ter muito material para trabalhar em cima.

"Liberal Arts" demonstra um grande avanço para Radnor como ator e diretor, mas no fim acaba sendo vítima de sua falta de desenvolvimento e "carinho" com os personagens, mostrando apenas tipos superficiais que não sabem o que fazer no mundo adulto assim como seu roteirista não sabe o que fazer no universo de suas personagens.

Nota: 3/5

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