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Divertida Mente não é só o filme da Pixar que você esperava ver


4 anos. Esse foi o tempo que demorou para conseguirmos um sucessor a altura de "Toy Story 3". Quase 11 anos. Esse foi o tempo que eu demorei para conseguir assistir um filme da Pixar no cinema. Não por achar que os filmes lançados nesse tempo não mereciam ser vistos na telona, apenas por falta de sorte mesmo. Então, eu finalmente voltei a sentar no mesmo cinema onde eu assisti "Os Incríveis" pela segunda vez no dia do meu aniversário e a Pixar voltou a ser a Pixar.

"Divertida Mente" (Inside Out) é dirigido por Pete Docter ("Monstros S.A." e "Up - Altas Aventuras") e mostra o que acontece dentro das nossas cabeças. Quase como o segmento do espermatozoide de "Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar", o filme mostra como nossas emoções reagem ao mundo ao redor e, consequentemente, como nós acabamos reagindo a esses estímulos. Mesmo nos mostrando pontualmente o "centro de comando" de cada pessoa, o longa foca na cabeça de Riley, uma garota de 11 anos que acaba de se mudar com os pais de Minnesota para San Francisco. Todas as pessoas possuem em sua cabeça cinco sentimentos, Alegria, Tristeza, Raiva, Nojo e Medo, sendo Alegria (Amy Poehler na versão original e Miá Mello na dublagem brasileira) a comandante da cabeça de Riley, além disso, a mesma é responsável por tentar uma relação harmoniosa entre as outras emoções.


Desde "Wall-E", a empresa da luminária saltitante não apresenta um universo completamente original às telas, fazendo com que o primeiro contato com o mundo criado para a mente de Riley seja um banquete visual. O único problema que senti (não sei dizer se foi culpa da projeção [em película, devo ressaltar]), foi em relação à profundidade de campo, que parecia bastante reduzida e o filme em 2D acaba parecendo ainda mais 2D (soube que a versão 3D também não está arrancando aplausos, então devo supor que é uma decisão artística).

Claro que o filme se resume a cenários coloridos e incríveis, uma vez que toda a ação que se passa em São Francisco (fora da cabeça de Riley, no caso), possui sua paleta de cores reduzida, passando a sensação fria que o lugar passa, mais uma vez mostrando o cuidado que a Pixar possui em querer nos passar informações narrativas até mesmo através das cores e da riqueza do design, que é uma das nossas melhores fontes de informação, como na primeira cena, onde vemos que os controles da cabeça de alguém ao nascer são simples, limitando-se a um botão, enquanto os controles centrais de um adulto são mesas grandes e complexas (perceba como o estilo do centro de controle muda dependendo da pessoa, como o do pai de Riley, imitando uma sala de guerra e o da mãe, mostrando ser quase um programa de debate).


O filme também acerta na experiência de embarcar naquele universo junto com aqueles personagens e ainda sim intercalar com o mundo exterior sem perder seu ritmo, tornando os acontecimentos entre os dois como uma bola em um jogo de tênis, mas além disso, "Divertida Mente" é o filme mais ambicioso da Pixar até o momento. Se "Os Incríveis" começávamos a questionar algumas atitudes que a sociedade toma em certos eventos, aqui não temos apenas um divertido "e se", temos um estudo complexo sobre como nossa mente funciona durante o nosso crescimento e o que precisamos largar e as coisas que precisamos balancear ao longo do caminho.

E enquanto temos piadas bem colocadas visual e verbalmente, outras informações mais sutis mostram ricos detalhes nos personagens e suas ações, sem fazer com que a trama se torne didática ao extremo, erro que poderia facilmente acontecer por se tratar de um filme que precisa apresentar muitos conceitos que serão importantes ao longo da narrativa. Por exemplo, o sorriso que lentamente brota no rosto da Tristeza e uma das melhores piadas do filme: qual emoção controla cada personagem. Por se tratar de uma criança, a cabeça de Riley é controlada pela Alegria e as outras emoções ainda são muito singulares em seu jeito de agir, além de não saber muito bem como agir, ao contrário de sua mãe, que é comandada por uma versão muito mais controlada da Tristeza e que as outras emoções trabalham harmoniosamente.


Além disso, temos mais um trabalho incrível de Michael Giacchino na trilha sonora, que pontua a narrativa com um tom doce e inocente, trazendo um tema que, com as variações certas, funciona até mesmo quando a narrativa precisa assumir seu lado mais "pesado", por assim dizer.

"Divertida Mente" não é só o filme da Pixar que você esperava (e queria) ver depois do terror que foi "Carros 2" e a gradativa melhora que tivemos com "Valente" e "Universidade Monstros". É o filme que da Pixar que você precisava ver. Ele é divertido, é triste (vamos nessa, estamos falando da Pixar, você realmente achou que ela não aproveitaria a oportunidade?), imaginativo, colorido e nos faz lembrar das pessoas que, há vinte anos atrás, perguntaram o que acontecia com nossos brinquedos quando não estávamos por perto. Sim, Pixar, eu achei que você perdeu o jeito e que não seríamos mais convidados para os seus "e se". É com prazer que digo que não poderia estar mais errado. Obrigado, Pixar. Muito obrigado.

Nota: 5/5

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Esse filme é muito bom. Todas as vezes que está passando fico assistindo. Adoro os filmes de animação e juro que é meu gênero preferido, mas o que será de nozes 2, superou as minhas expectativas em qualidade. Quando assisti o filme na filme infantil no cinema O que será de nozes 2, me encantei, porque todos os personagens são clássicos e essa história é incrível. Eu achei o máximo, e indico!Vale a pena

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