Social Icons

Pages

"Homem-Formiga", um adeus à Fase 2 do MCU


Chegamos ao fim de mais uma fase da Marvel Studios. A Fase 2, que começou em 2013 com "Homem de Ferro 3", termina agora com "Homem-Formiga", um filme anunciado anos atrás, quando o universo Marvel não era essa coisa que temos nos cinemas duas vezes por ano. O longa, originalmente escrito por Edgar Wright e Joe Cornish (e que seria dirigido pelo próprio Wright), passou por dificuldades durante suas filmagens, o que levou a uma revisão no roteiro feita por Paul Rudd (o Scott Lang) e Adam McKay (parceiro do Will Ferrell) e na mudança de diretor, colocando Peyton Reed no comando da produção (mesmo com Wright e Cornish ainda recebendo créditos pelo roteiro).

Se no ano passado a Marvel Studios nos apresentava acertos como "Capitão América 2" e "Guardiões da Galáxia", esse ano fomos apresentados aos embates entre Joss Whedon (o diretor de "Os Vingadores" e sua continuação "Era de Ultron") e Kevin Feige (o chefão da Marvel Studios) em relação à edição final de "Era de Ultron", além de comentários do próprio Whedon em relação ao roteiro de Wright e Cornish, dizendo que era o melhor da Marvel que ele havia lido. Com certeza estamos falando de duas das produções mais abertamente problemáticas da Marvel Studios, mas será que "Homem-Formiga" sobreviveu a tantas mudanças?


O filme foca no ladrão Scott Lang (Paul Rudd) que, após receber sua liberdade, procura endireitar sua vida pelo bem de sua filha Cassie (Abby Ryder Fortson). Como a vida para um ex-detento não é fácil, Scott acaba em mais um roubo que o leva a invadir a casa de Hank Pym (Michael Douglas) e acaba roubando um uniforme misterioso que todos nós sabemos o que faz, menos o Scott, então sem spoiler, tá gente?

O que Scott não sabia é que Pym já estava de olho nele e que havia o escolhido para ser seu sucessor como Homem-Formiga, uma vez que Pym e sua filha Hope (Evangeline Lilly) precisam impedir Darren Cross (Corey Stoll), ex-pupilo de Hank e agora presidente das Indústrias Pym, e seus planos de replicar o soro de Pym e comercializá-lo.


Por mais falha que seria a execução do Marvel Cinematic Universe (como o problema dos filmes sobreviverem isoladamente), não tem como negar que o estúdio sabe muito bem apresentar personagens inusitados e fazê-los cair nas graças do público em geral, afinal, por mais legal que todos achem o Tony Stark, ele sempre foi um personagem B que acabou funcionando muito bem em tela graças ao carisma de Robert Downey Jr., hoje um dos rostos mais importantes para quem acompanha o MCU e o mesmo acontece aqui: conseguimos embarcar na história e no absurdo da premissa de um herói chamado "Homem-Formiga" graças ao carisma de Paul Rudd. O ator, habituado com comédias, faz com que Scott Lang seja adorável desde sua primeira aparição em tela, além de conseguir conferir o peso do personagem quando necessário.

Outro acerto do filme é a interação entre Lang e Luis (Michael Peña), que acerta no timing de seu personagem, sem fazer com que os alívios cômicos atrapalhem o ritmo da trama, como em "Era de Ultron". Não tenho problemas também com os personagens do rapper T.I. e de David Dastmalchin (aquele que tentou matar o prefeito em "O Cavaleiro das Trevas"). Seus personagens servem como aliados de Lang e no alívio cômico.

Michael Douglas e Evangeline Lilly pouco fazem com seus personagens, uma vez que o roteiro não abre espaço para algo mais que uma história de pai e filha cheios de problemas em sua relação. Essa trama acaba sendo mais prejudicial à personagem de Lilly, uma vez que limita seu papel à "pessoa que não acredita que o herói seja o cara certo para o serviço, mas que eventualmente aceita sua participação". Pelo menos Douglas ainda recebe algumas cenas interessantes para seu Hank Pym, principalmente nos primeiros minutos e algumas poucas cenas interessantes interagindo com Paul Rudd.


Um dos grandes problemas do filme acaba sendo o vilão de Corey Stoll. Seu Daren Cross nada mais é que um ex-pupilo revoltado por seu mentor não ter compartilhado todo seu conhecimento (no caso, Pym nunca confiou a ele o segredo da roupa do Homem-Formiga). Suas motivações não são fortes o suficientes para criar alguma sensação de perigo para o protagonista, além de ser resumido a um vilão que possui exatamente os mesmos poderes do herói e não é a primeira vez que isso acontece no MCU. Lembram do Jeff Bridges no "Homem de Ferro"? Do final do "Homem de Ferro 2"? Do Caveira Vermelha de "O Primeiro Vingador"?

70% do filme serve mais como para o treinamento do protagonista. O primeiro ato demora para terminar e o segundo ato poderia ser resumido numa simples montagem mostrando o crescimento das habilidades de Lang. São sequências divertidas, acredite, mas acabam atrapalhando o rumo da trama, fazendo com que o vilão e a ameaça que ele representa sejam de pouca importância até os últimos quarenta minutos de filme, onde tudo em tela ganha um tom de urgência que não é justificado. Além disso, o filme gasta um tempo desnecessário com a sub-trama envolvendo o padrasto de Cassie e Lang, que além de muitas vezes desnecessária, acaba causando uma quebra na tensão do clímax do filme, numa das batalhas finais mais insossas do universo Marvel, mesmo tendo uma das cenas mais engraçadas do longa e que explora o poder do herói, mas que foi estragada para qualquer um que viu o trailer.


Embora as cenas de ação sejam bem realizadas num ponto de vista técnico, funcionando muito bem quando encolhemos junto com o herói, Peyton Reed só faz o suficiente para que elas sejam compreensíveis e visualmente interessantes, mas genéricas e esquecíveis. Aliás, Reed entrega aqui exatamente o que a Marvel parece ter procurado em seus diretores: a padronização. Tenho certeza que poderíamos ter recebido cenas de ação bem coordenadas e frenéticas numa versão comandada por Wright, mas por ser um diretor de estilo próprio (na minha opinião), teria entregado um filme muito diferente do resto do MCU e isso poderia ser um problema para a empresa. Isso não é dizer, claro, que todas as ideias de Wright foram tiradas da projeção. Cenas como as histórias de como Luis descobriu certos planos e algumas ideias de piadas parecem sobra do que foi criado por Wright e Cornish.

No final dos 117 minutos de "Homem-Formiga", a sensação é de que poderíamos ter visto um filme muito mais leve. Ele tem seus momentos divertidos, mas poderia ter aproveitado muito mais o absurdo que cerca o personagem e suas habilidades. Ainda com seus problemas de ritmo, é um bom final para uma fase que sofreu bastante em seus momentos finais.

Nota: 3.5/5

P.S.: Como esperado, existem duas cenas após o filme. Uma durante os créditos e outra após o término.

Nenhum comentário:

Postar um comentário