Não sei vocês, mas eu nunca teria apostado que "Jurassic World" faria o dinheiro que fez (e continua fazendo). Até o momento no qual esse texto está sendo escrito, o filme já fez um pouco mais de US$1,4 bilhões, sendo a quinta maior bilheteria da história (levando em conta a inflação). Além disso, ele continuou firme entre os três filmes que mais arrecadaram nas bilheterias americanas do último final de semana, um mês depois de sua estreia. Podemos concordar que o resultado final saiu melhor que a encomenda.
"Jurassic World" é um filme legal. Só isso. Eu posso ter meus problemas com o resultado final do filme, mas não me arrependo do gasto no ingresso do IMAX (infelizmente, a sala da minha cidade estava com defeito na parte 3D). Como espetáculo, "Jurassic World" merece todos os "wow" e "caral..." que soltei durante suas duas horas de duração. E se a história pode não ser perfeita, ela diz muito sobre o cinema atualmente.
O grande conflito da história começa quando o Indominus Rex consegue escapar de sua jaula. Um híbrido entre espécies de dinossauros, a criatura foi criada com o propósito de atrair mais visitantes ao parque, uma vez que o lugar se beneficia das novas atrações (cobertura da imprensa mundial, visita de celebridades, propagandas e novos patrocinadores). Como a personagem de Bryce Dallas Howard explica aos patrocinadores em potencial nos primeiros minutos do filme, há vinte anos atrás, ressuscitar dinossauros era o suficiente para fazer com que as pessoas ficassem maravilhadas, mas a sociedade atual já se acostumou a ver esse tipo de coisa. Isso não impressiona mais. Como ela mesma diz: "Os consumidores querem eles maiores, mais barulhentos e com mais dentes. A boa notícia é que o nosso avanço em ciência genética abriram uma nova fronteira."
Embora esteja falando de uma sociedade já acostumada a ter um parque com dinossauros vivos, é impossível não desviarmos a atenção por uns segundos e concordarmos com o que ela diz. 22 anos se passaram desde o lançamento de "Jurassic World" e, embora tenha envelhecido muito bem, duvido que ele ainda vai impressionar muita gente. Sabemos que essas coisas são possíveis, sabemos como elas podem ser feitas, mas ainda sim queremos nos impressionar. Queremos que um espetáculo visual se desdobre diante dos nossos olhos, junto a uma trilha de som em 7.1 ou 11.1. Algo como as 24 caixas de uma sala IMAX ou as caixas de som no teto de um sistema Dolby Atmos. E se isso não for o suficiente para nos jogar no meio da ação, por que não colocar uma dimensão extra por alguns reais a mais?
Relaxa, esse não é um texto condenando esse tipo de filme. Eu amo ir ao cinema ver esse tipo de filme. Adoro marcar no calendário a data de estreia, acompanhar o marketing e as notícias. Diabos, eu não escreveria num site para duas pessoas (oi gente <3) se não gostasse de todas as formas de cinema, incluindo o cinema blockbuster. Além disso, estou falando como alguém que ainda vai no cinema. É caro ir, ainda mais se você vai várias vezes ao longo do mês (principalmente na época do verão americano). As salas podem não ser as melhores. Os horários também, principalmente se você prefere ver um filme legendado. Já desisti de muitos filmes e em formatos maiores por não terem horários legendados, serem em uma hora difícil ou pior: ver o filme em um formato que não é o ideal por ser a única opção legendada. As pessoas podem ser um problema, entre outros problemas que podem surgir.
Não precisamos de menos blockbusters ou menos adaptações de HQs ou livros. Precisamos dos filmes que nos façam tirar os smartphones da cara, que nos façam querer juntar os amigos e organizar uma expedição ao cinema ou até mesmo ir sozinho (porque sim, por mais que eu goste de uma boa companhia no cinema, ir sozinho é mais simples e, em alguns casos, muito melhor). Precisamos de filmes bons, que nos façam esquecer que as coisas estão ruins por duas horas, que nos deixe otimistas, determinados a fazer algo e o mais importante: que nos faça pensar sobre as nossas vidas e o mundo ao redor.
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